segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A Prece

"Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á." (Mateus, 7:7)


A prece é um ato de adoração, que consiste da elevação do pensamento a Deus (“O Livro dos Espíritos”, questões 649 e 659). Allan Kardec esclarece, no item 9 do cap. XXVII e “O Evangelho Segundo o Espiritismo”[1], que “a prece é uma invocação, mediante a qual o homem entra, pelo pensamento, em comunicação com o ser a quem se dirige. Pode ter por objeto um pedido, um agradecimento, ou uma glorificação. Podemos orar por nós mesmos ou por outrem, pelos vivos ou pelos mortos. As preces feitas a Deus escutam-nas os Espíritos incumbidos da execução de suas vontades; as que se dirigem aos bons Espíritos são reportadas a Deus. Quando alguém ora a outros seres que não a Deus, fá-lo recorrendo a intermediários, a intercessores, porquanto nada sucede sem a vontade de Deus.”

Na Obra “Entre a Terra e o Céu”[2], André Luiz ouviu o Ministro Clarêncio apresentando importantes elucidações a respeito da prece, das quais destacamos:

“A prece, qualquer que ela seja, é ação provocando a reação que lhe corresponde. Conforme a sua natureza, paira na região em que foi emitida ou eleva-se mais, ou menos, recebendo a resposta imediata ou remota, segundo as finalidades a que se destina.”
(...)
“Cada prece, tanto quanto cada emissão de força, se caracteriza por determinado potencial de freqüência e todos estamos cercados por Inteligências capazes de sintonizar com o nosso apelo, à maneira de estações receptoras.”

Martins Peralva, na obra “Estudando a Mediunidade”[3], classifica a prece em três grupos, a saber:

“Sendo a prece «um apelo», evidentemente somos levados a, de acordo com as instruções dos Benfeitores Espirituais, classificá-la de vários modos.”

“Em primeiro lugar, teremos a «prece vertical», isto é, aquela que, expressando aspirações realmente elevadas, se projeta na direção do Mais Alto, sendo, em face dos mencionados princípios de afinidade, recolhida pelos Missionários das Esferas Superiores.”

“Em segundo lugar, teremos a «prece horizontal», traduzindo anseios vulgares. Essa prece não terá impulso oblíquo ou vertical, porque encontrará ressonância entre aqueles Espíritos ainda ligados aos problemas terrestres, vivendo, portanto, horizontalmente.”

“Por fim, teremos a descendente. A essa não daremos a denominação de «prece», substituindo-a por «invocação», consoante aconselha o Ministro Clarêncio («Entre a Terra e o Céu» — André Luiz».)”

“Na «invocação», o apelo receberá a resposta de entidades de baixo tom vibratório. São os petitórios inadequados, expressando desespero, rancor, propósitos de vingança, ambições, etc.”


Foto de Alvaro Cordeiro
"Pai, (...) não se faça a minha vontade, mas sim a tua." (Lucas 22:42)


Atendo-nos à prece vertical, conforme definido acima, a prece será eficaz se possuidora de vibrações capazes de atingir o Alto. Kardec, no preâmbulo do capítulo XXVIII de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, afirma que a prece deve ser inteligível; clara; simples; concisa e sem fraseologia inútil — em suma, deve fazer refletir.

A fim de evitar a confusão do entendimento de “prece eficaz” com “atingir o que se quer”, o Codificador informa, no item 12 do capítulo XXVII de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”: “Admitamos que o homem nada possa com relação aos outros males; que toda prece lhe seja inútil para livrar-se deles; já não seria muito o ter a possibilidade de ficar isento de todos os que decorrem da sua maneira de proceder? Ora, aqui, facilmente se concebe a ação da prece, visto ter por efeito atrair a salutar inspiração dos Espíritos bons, granjear deles força para resistir aos maus pensamentos, cuja realização nos pode ser funesta. Nesse caso, o que eles fazem não é afastar de nós o mal, porém, sim, desviar-nos a nós do mau pensamento que nos pode causar dano; eles em nada obstam ao cumprimento dos decretos de Deus, nem suspendem o curso das leis da Natureza; apenas evitam que as infrinjamos, dirigindo o nosso livre-arbítrio. (...) É isso o que o homem pode estar sempre certo de receber, se o pedir com fervor, sendo, pois, a isso que se podem sobretudo aplicar estas palavras: ‘Pedi e obtereis.’ (Marcos, cap. XI, v. 24)”

O Espírito V. Monod, no item 22 do capítulo XXVII de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, também recomenda atenção ao tipo de prece que se faz. Em suas palavras:

“A vossa prece deve conter o pedido das graças de que necessitais, mas de que necessitais em realidade. Inútil, portanto, pedir ao Senhor que vos abrevie as provas, que vos dê alegrias e riquezas. Rogai-lhe que vos conceda os bens mais preciosos da paciência, da resignação e da fé. Não digais, como o fazem muitos: ‘Não vale a pena orar, porquanto Deus não me atende.’ Que é o que, na maioria dos casos, pedis a Deus? Já vos tendes lembrado de pedir-lhe a vossa melhoria moral? Oh! não; bem poucas vezes o tendes feito. O que preferentemente vos lembrais de pedir é o bom êxito para os vossos empreendimentos terrenos e haveis com freqüência exclamado: ‘Deus não se ocupa conosco; se se ocupasse, não se verificariam tantas injustiças.’ Insensatos! Ingratos! Se descêsseis ao fundo da vossa consciência, quase sempre depararíeis, em vós mesmos, com o ponto de partida dos males de que vos queixais. Pedi, pois, antes de tudo, que vos possais melhorar e vereis que torrente de graças e de consolações se derramará sobre vós.”


A respeito deste tema, leia também, neste blog, as postagens “A Prece (2)”, “Vigiai e Orai”, “Deus ajuda...”, “O fariseu e o publicano”, “Maus Pensamentos”, “Sintonia espiritual” e “Dia de Finados”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio


1. KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 2ª ed. de bolso. Rio de Janeiro: RJ, FEB: 1999.
2. XAVIER, Francisco Cândido. “Entre a Terra e o Céu”. 17ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB, 1997. Cap. 1.
3. PERALVA, Martins. “Estudando a Mediunidade”. 12ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB, 1987. Cap. 33.

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