sábado, 12 de dezembro de 2009

A Inteligência

Kardec, em comentário à questão 71 de “O Livro dos Espíritos”[1], define: “A inteligência é uma faculdade especial, peculiar a algumas classes de seres orgânicos e que lhes dá, com o pensamento, a vontade de atuar, a consciência de que existem e de que constituem uma individualidade cada um, assim como os meios de estabelecerem relações com o mundo exterior e de proverem às suas necessidades.”

A Ciência, na década de 1990, na pessoa do psicólogo Howard Gardner [2], definiu inteligência como "um potencial biopsicológico para processar informações que pode ser ativado num cenário cultural para solucionar problemas ou criar produtos que sejam valorizados numa cultura". Ele modela 8 tipos de inteligências, a saber:

  • Lógico-matemática — abrange a capacidade de analisar problemas, operações matemáticas e questões científicas. Medida por testes de QI, é mais desenvolvida em matemáticos, engenheiros e cientistas, por exemplo;
  • Linguística — caracteriza-se pela maior sensibilidade para a língua falada e escrita. Também medida por testes de QI, é predominante em oradores, escritor e poetas;
  • Espacial — expressa-se pela capacidade de compreender o mundo visual de modo minucioso. É mais desenvolvida em arquitetos, desenhistas e escultores;
  • Musical — expressa-se através da habilidade para tocar, compor e apreciar padrões musicais, sendo mais forte em músicos, compositores e dançarinos. Beethoven se enquadra nessa inteligência;
  • Físico-cinestésica (ou Corporal) — traduz-se na maior capacidade de utilizar o corpo para a dança e os esportes. É mais desenvolvida em mímicos, dançarinos e esportistas, por exemplo;
  • Intrapessoal — expressa na capacidade de se conhecer, estando mais desenvolvida em escritores, psicoterapeutas e conselheiros;
  • Interpessoal — é uma habilidade de entender as intenções, motivações e desejos dos outros. Encontra-se mais desenvolvida em políticos, religiosos e professores;
  • Naturalista — traduz-se na sensibilidade para compreender e organizar os fenômenos e padrões da natureza. É característica de paisagistas, arquitetos e mateiros, por exemplo. Charles Darwin se encaixa nesta inteligência.

Há debates a respeito de uma nona inteligência, qual seja, a Inteligência Existencial ou Espiritual [3] — capacidade de refletir sobre questões fundamentais da existência, aguçada em vários segmentos diferentes da sociedade. O neuropsicólogo Robert A. Emmons defende, com cerrada argumentação, que a inteligência tem uma faceta espiritual, que pode e obedece a todos os critérios indicados por Gardner para ser assumida no espectro das inteligências múltiplas.

A benfeitora Joanna de Ângelis [4], analisando o tema, destaca que a inteligência, dissociada do sentimento, atormenta o homem e o transforma em vítima da própria irresponsabilidade. “É que a chama do intelecto não prescinde do óleo do coração, para arder com a potência necessária à produção de luz e calor, suficientes para manterem o lume de felicidade”. Elucida que o roteiro seguro já foi definido por Jesus quando nos diz: “fazei a outrem o que desejardes que outrem vos faça, exaltando o amor ao lado das conquistas valiosas da inteligência”.


A respeito desse tema, leia também, neste blog, a postagem “Inteligência e Instinto”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio


Referências

1. KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”. 66ª ed. Rio de Janeiro: RJ, FEB: 1987.
2. Inteligências múltiplas. Wikipédia. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_das_m%C3%BAltiplas_intelig%C3%AAncias. Acesso em 19.04.2009.
3. SILVA, Leonice M. Kaminski da. “Existe uma inteligência existencial/espiritual? O debate entre H. Gardner e R. A . Emmons” Revista de Estudos da Religião, 2001.
4. FRANCO, Divaldo P. “Dimensões da Verdade”. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 3ª ed. Salvador: BA, Livraria Espírita Alvorada, 1989, p. 184-185.

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